quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Às 8

Era manhã de 14 de Maio de 1888, a festa seguia pelas ruas de Passos, os negros dançavam e comemoravam sua liberdade que era tão desejada, Helena uma dama da alta sociedade observava ao longe, para ela não havia motivos para comemorações pois com a abolição seu amor seria livre também, e por mais que ela não admita seu amor tinha um toque de egoismo e possessão pois Isaias era seu escravo.
Desiludida Helena procurava por Isaias para de despedir, lágrimas e trocas intensas de olhares marcaram aquele encontro, tudo era muito tenso eles estavam em plena praça e não podia se tocarem foi então que Isaias sussurrou aos de Helena: - Me encontre na igreja, sala da sacristia. Em um encontro fervoroso onde a paixão prevalecia, eles se amaram como se fosse a última vez.
Algumas horas depois eles teriam uma longa e dolorosa conversa, em que Isaias propunha a Helena fugir para começarem uma nova vida, mesmo indo contra a todos seus instintos ela diz não se justificando pelo fato de ser casada. Pobre Isaias não conseguia disfarça o desapontamento em seu olhar , ele sabia que para ela seria muito difícil largar tudo e iniciar uma vida ao lado de um ex-escravo, mesmo assim ele ainda tentou: - Helena não faz isso comigo, ninguém te ama mais que eu, vou lhe dar um dia para que pense, amanã estarei na estação às 8hs lhe esperando.
Helena chega em casa pensativa e totalmente aleia, e logo seu marido o Barão Odilon observa seu comportamento. – Helena aconteceu alguma coisa, algo na cidade ? – Não houve nada senhor Barão, apenas estou com dor de cabeça. Responde Helena, indo em direção aos aposentos de sua mãe onde teriam uma discussão que mudariam os rumos dessa história, pois seria revelado o adultério de Helena e sua decisão de fugir com Isaias, o seu marido ouviria absolutamente tudo, totalmente transtornado o Barão dá a seguinte ordem para Elias seu capataz: - Elias preste atenção, amanhã eu quero você vá até a estação e se livre daquele escravo chamado Isaias, você me entendeu ? - Sim, senhor de amanhã esse nego não passa!. Estava feito, o trágico destino de Isaias estava traçado.
Logo amanhaceu, era uma manhã cinza o tempo estava ameçando chover, alguns empregados de casa já estavam de pé inclusive Helena, que havia mandado selar um cavalo para ela. Ela já tinha a resposta de Isaias e estava decidida, e então partiu para estação de trem. Chegando lá avistou Isaias e todo sua ansiedade, o vapor já estava lá eram quase oito da manhã e já tinha uma certa movimentação, foi quando Isaias mirou seus olhos na direção da sua amada, e logo seguiu em sua direção. - Eu sabia que você viria, estou tão feliz agora minha vida começa a fazer sentido, você vai partir comigo né ? – um sorriso nasce levemente da face de Helena e com ele vêm a resposta. – Eu vou com você. De repente um estampído silência a estação , Helena em pânico puxa Isaias para o chão e quando ela percebe que suas mãos estão sujas de sangue – meu Deus , Isaias você esta sagrando – o desespero se instalou em cada canto daquela estação pessoas corriam por todos lados – calma Helena eu vou ficar bem – era muito sangue e estava se criando uma enorme mancha no chão. Elias vinha se aproximando em meio a correria e mandou o recado do Barão – Isso e presente do seu marido para o casal, sejam felizes – naquele momento não havia pessoa que ela mais odiasse no mundo do que o senhor Odilon. – Calma meu amor eu vou pedir ajuda e você vai ficar bem - os gritos de sorroco ecoavam naquela plataforma e era angustiantes, porém ninguém ali se dispôs a socorrer um nego que até ontem era um escravo. – É meu anjo, ninguém vai me ajudar, essa liberdade ainda esta só no papel – disse Isaias em tom irónico, e num último fôlego ele murmura – Helena, eu sempre vou te amar e o nosso amor é eterno, eu..e..eu te amo – Eu também te amo – Helena beija os lábios de Isais, e já não sente mais a sua respiração.
Tudo havia terminado tragicamente como todos tinha previsto, nos olhos de Helena só existiam a dor e um grande e assustador vázio, ela vagou durante três dias pelas estradas empoeiradas de Passos com seu vestido sujo de sangue, até o momento que ela decidiu vingar a morte do seu amado, já senão se tinha mais o que perder. Partiu em direção a fazenda, logo que chegou causou uma reação de supresa em todos, pois ninguém imagina vêr a senhora Baronesa de volta, então se portando como uma verdadeira dama ela subiu as escadas da frente da sede com altivez, o Barão não estava em casa o que lhe deu mais tempo para pensar o que iria fazer. Tomou um banho, vestiu seu melhor vestido, foi até o escritório e sentou-se na cadeira do Barão e ficou esperando pelo seu retorno, que não demorou muito, sua chegada era notada pelos seus gritos com Elias que havia selado errado seu cavalo. Quando o Barão entrou no escritório e viu sua esposa sentada em sua cadeira como se nada tivesse acontecido sua primeira reação foi fica parado a olhando e logo depois disse – O que você faz aqui ? Depois de tudo o que aconteceu é muita petulância tua aparecer e ainda mais sentar-se na minha cadeira, saia dessa casa agora! – Helena não retirava o sorriso debochado do rosto - Não, eu não quero me levantar senhor Barão e até gosto dessa cadeira, sabe eu nunca tinha me sentado nela, dá uma sensação de poder não é ? – Não brinque comigo Helena, você sabe que eu não tolero – ah! Como eu sei, mais eu também não tolero e vim aqui exatamente por isso - Então Helena saca a arma que estava guardada na gaveta da mesa e aponta para seu marido – tudo termina aqui – três disparos são feitos, dois certeiros do peito e outro no ombro, em menos de um minuto Elias, e mais uma duzia de empregados apareceram menos a mãe de Helena que havia sido expulsa pele barão, porém Helena não estava mais lá, e ninguém há encontrou mais.
Passado um mês, aquela mulher de classe que fazia parte da nobreza tinha se tornado uma professora numa escola no estado de Rio Grande do Sul, ela não usava mais o nome Helena, agora se passava por Vanessa. Em um dia, após alguns desmaios ela é examinada pelo doutor Otávio que lhe da o diagnóstico de gravidez para sua total alegria. Passado mais algum tempo Vanessa estava casada com o dono de uma pousada, o seu nome era Pedro era um homem bom e deu seu sobrenome a criança que ela esperava, não demorou muito ela deu a luz a uma linda menina a qual deu o nome de Isabel. Agora Helena/Vanessa, compartilhava do mesmo sangue com o grande amor de sua vida, perpetuando os laços de amor que havia entre eles. A vida segue e todas as sombras do seu passado ficam para trás, e assim Helena caminha para seu final feliz.


por Mr Salvatory
22/05/2008
Amigo louco e lobo

sábado, 23 de outubro de 2010

Cactos

As flores de cactos
Echinopsis pachanoi
Wachuma ,Lophophora williamsii
Adoro a flor de cacto, pois são
Resistentes à seca, e me vejo como elas
Elas em algumas situações e ações
Podem ser simples e singelas...
Nos levam a um outro plano terrestre
Mas possuem espinhos que furam e doem
Machucam as vezes quem mais as cuida
Sem querer ...

A prosa dos sem reação!

A prosa me deixa valente ...
A mente... a mente ...
Na mente palavras somente
somente Palavras que se sente

Essas sim sabem discursar.
Substantivos, advérbios atemporais
nada de bom nos jornais...
Depois da cerveja que tomei
fiquei mais valente e quente...
sei que minha mente sente!

A mente quente e o dia corre intediado
... cadê? o cadeado? será essa rima ou ...me sinto enclausurado...
A prosa me deixa valente e a mente sente
chega a noite cadê...? sinto o vento gelado!
os verbos regulares sem nenhuma solução
são os que menos concordam com a percepção.
Particípio sendo mais um...
Na prosa dos sem reação!

A flor do lírio

Hoje prenderam
o Lírio ...
Por que achou
o seu colírio
Numa flor de Canabis
o seu amor foi repreendido
Por não ser permitido
Pelas as autoridades.


Poema escrito a partir de uma notícia de jornal em Corumba-Ms

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Cultura

O girino é o peixinho do sapo.
O silêncio é o começo do papo.
O bigode é a antena do gato.
O cavalo é o pasto do carrapato.
O cabrito é o cordeiro da cabra.
O pescoço é a barriga da cobra.
O leitão é um porquinho mais novo.
A galinha é um pouquinho do ovo.
O desejo é o começo do corpo.
Engordar é tarefa do porco.
A cegonha é a girafa do ganso.
O cachorro é um lobo mais manso.
O escuro é a metade da zebra.
As raízes são as veias da seiva.
O camelo é um cavalo sem sede.
Tartaruga por dentro é parede.
O potrinho é o bezerro da égua.
A batalha é o começo da trégua.
Papagaio é um dragão miniatura.
Bactéria num meio é cultura.

(Arnaldo Antunes in "Nome" São Paulo.BMG Ariola Discos,1993)